domingo, 25 de janeiro de 2009

A sensibilidade de Larissa, que mora há nove meses na cidade, é latente. É só olhar ou falar algo que a emocione, que ela fica com os olhos vermelhos e a pele muito branca corada. Nas últimas semanas, porém, ela confessa que tem chorado além da conta por causa de própria atuação. Choro de orgulho, claro! Ela costuma assistir à minissérie com os amigos no flat onde mora, na Barra da Tijuca, e ainda consegue se surpreender com as cenas mesmo sabendo o que vai acontecer em cada capítulo. Doce, com gestos delicados e fala mansa, ela pouco lembra o furacão Maysa. Semelhanças com a vida turbulenta da cantora então, nem pensar. "Sempre tive uma vida muito certinha. Morei na mesma casa durante anos e só saí do Sul agora. Ao contrário dela, sou uma pessoa muito feliz." Gaúcha de 30 anos, Larissa decidiu ser atriz ainda criança e promovia peças teatrais - que produzia, dirigia e atuava - no condomínio onde morava. "Buscava o meu irmão no campo de futebol para ajudar no espetáculo. Eu era muito abusada", relembra. Formada em Artes Cênicas, estreou profissionalmente no espetáculo Um Conto de Inverno em 1997. Três anos depois entrou para a RBS, afiliada da Rede Globo, no especial Descompassado Coração. O trabalho na emissora gaúcha chamou a atenção do produtor da minissérie, Léo Gama, que a convocou para os testes de Maysa. Em novembro de 2007, a atriz concorreu com mais 200 candidatas ao papel. "Era uma verdadeira fábrica de Maysas. Eu fiquei sentada com um monte de clones esperando a minha vez de entrar", diverte-se Larissa, que com a caracterização de Fernando Torquatto acabou se convencendo da semelhança com a personagem. "Íamos gravar a cena do show do Olympia (teatro parisiense), e fiquei muito tempo no camarim. Me olhei no espelho e me senti Maysa. Foi até assustador."
Após ter mergulhado oito meses na vida e na obra da cantora, que se consagrou nas décadas de 50 e 60 e morreu num desastre de carro aos 40 anos, Larissa diz ter se tornado sua grande fã. Jayme Monjardim lhe confiou seis pastas com diários, letras e poemas inéditos da mãe. "Pedia licença para ela toda vez que ia ler os seus escritos. É muito forte você tomar contato com as coisas de alguém que já morreu", diz. A atriz conta ainda que teve uma experiência "sobrenatural" com Maysa ao vestir uma túnica que lhe pertenceu. "As camareiras não conseguiam fechá-la no meu corpo e eu pedi para tentar. Consegui fechar os botões em um segundo. Encarei isso como uma permissão para que eu usasse as suas coisas."
As afinidades entre personagem e intérprete, no entanto, se limitam ao olhar e à determinação profissional. Larissa garante não ter vocação para curtir fossa. Ela namora há oito anos o administrador de empresas André Surkamp, a quem conheceu em um bar em Porto Alegre, e com quem pretende morar no Rio de Janeiro. "Agora é a hora de investir na minha carreira. A gente não tem planos de se casar já, mas quer ficar junto a vida inteira."
E enquanto o "namorido" não chega, a atriz vai lhe passando as suas impressões do life style carioca. "Eu ainda não me acostumei a ver as pessoas andando de roupas de praia no meio da rua. Fui ao supermercado e fiquei constrangida ao ver um senhor comprando iogurte de sunga. Me deu vontade de falar: senhor eu estou vendo a sua bunda", brinca ainda atônita. Fica mais uma vez provada a diferença entre a atriz e Maysa: a cantora talvez se divertisse mais com a situação.

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